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Câmara Municipal de Natal

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Notícia

30/10/2017 Problemática de suicídios entre adolescentes é discutida em audiência pública

A prevenção é a melhor forma de evitar o suicídio entre jovens, na opinião dos participantes de uma audiência pública realizada nesta segunda-feira (30) pela Frente Parlamentar Municipal em Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente que abordou a temática "Depressão na Adolescência: da Automutilação ao Suicídio". O debate foi mediado pela vereadora Júlia Arruda (PDT) e contou com a presença de profissionais da área da saúde, gestores públicos do Estado e do Município, líderes religiosos, integrantes de movimentos sociais organizados e sociedade civil. 

"Trata-se de um desdobramento do trabalho que realizamos nas escolas públicas e privadas da capital potiguar a fim de discutir com a comunidade a questão do suicídio. Ouvimos relatos de professores sobre casos de automutilação protagonizados por alunos, provocados pela depressão e isolamento social. Alguns chegaram ao suicídio, infelizmente. Por isso achamos necessário trazer o assunto para ser debatido na Câmara Municipal de Natal por especialistas e órgãos competentes", explicou Júlia Arruda, presidente da Frente Parlamentar.  

No mesmo momento em que acontecia a audiência, 4 pessoas cometeram suicídio no Brasil e 270 pessoas se suicidaram no mundo. O dado de que um suicídio ocorre a cada 40 segundos no mundo e a cada 45 minutos no Brasil foi trazido ao debate pela professora Ana Karina Silva, do Departamento de Psicologia da UFRN. Segundo ela, os números tendem a ser maiores, haja vista a dificuldade para registrar as ocorrências.   

"O suicídio ainda é tido como um tabu na nossa sociedade. As pessoas não estão acostumadas a lidar com as perdas, julgam indivíduos que tentam suicídio como fracassados. Mas as coisas não são tão simples assim. O tema é complexo e exige reflexão. Precisamos deixar de ter medo de falar sobre o assunto, e compartilharmos informações. Dessa forma, teremos mais conhecimento para ajudar", avaliou Ana Karina. "Nós precisamos de mais profissionais atuando no campo da saúde mental. Necessitamos de psicólogos atendendo nos postos de saúde e nas escolas", defendeu. 

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de pessoas que vivem com depressão cresceu 18% entre 2005 e 2015. A estimativa é de que, atualmente, mais de 300 milhões de pessoas de todas as idades sofram com a doença no mundo. No pior dos casos, a depressão pode levar ao suicídio, segunda principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos. 90% dos casos podem ser prevenidos, desde que existam condições mínimas de ajuda, quer seja voluntária ou profissional. 

A representante do Conselho Regional de Psicologia, Jacqueline Maciel, afirmou que as secretarias de Assistência Social (Semtas) e Saúde (SMS) realizaram concurso público com vagas para psicólogos mas ninguém foi convocado. "Enquanto isso, continuamos sem efetivo para fortalecer a rede de proteção do Município. A despeito das dificuldades, temos promovido ações de prevenção como palestras, seminários, distribuição de informativos, entre outras". A psicóloga também alertou para o problema do bullying: "Ele massacra a autoestima e isso favorece o desenvolvimento de alguns quadros, como ansiedade e depressão".  

O pastor Marcelo França, da Igreja Batista Zona Sul, falou que é preciso que os pais ajudem os filhos a lidar com as frustrações. "Todos nós, em algum momento da vida, experimentamos algum tipo de dificuldade. É preciso entender que as aflições fazem parte da existência humana. O segredo é aprender a encarar a frustração e crescer através dela. Para tanto, desde bem cedo a criança deve ser preparada para enfrentar os desafios. O apoio da família é fundamental; a figura do pai e da mãe são decisivas neste processo", concluiu.

 

 

Texto: Junior Martins

Fotos: Marcelo Barroso